[RESENHA] A Garota No Trem - Paula Hawkins

Nesse post, resenha do livro A Garota no Trem.

Título: A Garota no Trem
Autora: Paula Hawkins 
Editora: Record 
Nº de páginas: 378 // Ano de publicação: 2016
Nota: 4,25/5 // SKOOB

Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio por galpões, caixas d’água, pontes, casebres e aconchegantes casas vitorianas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, “A garota no trem” é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

"Viver assim, como vivo hoje, é mais difícil no verão, quando o dia é mais longo e o abrigo da escuridão da noite é curto, quando há tanta gente na rua, a felicidade estampada no rosto. Isso é tão cansativo, e deixa a gente se sentindo mal por não fazer parte daquilo." (Rachel Watson, página 13)

Uma das primeiras coisas a se notar durante a leitura, é que nenhum dos personagens são pessoas equilibradas, todos vão ter seus momentos de excesso. Rachel é alcoólatra, divorciada que não supera o rompimento de seu matrimônio com Tom, como sabemos o álcool em excesso provoca nossa mente e fazemos coisas das quais não lembramos no dia seguinte. E esse é um dos dramas da vida dela, encher a cara, fazer loucuras, e na manhã seguinte se desculpar sem ao menos saber o que fez.  Tom agora é casado com Anna, e juntos têm uma filha, uma das grandes frustrações de Rachel. Megan é... digamos, viciada em sexo. E acaba tendo casos extraconjugais, que seu marido Scott, nem podia imaginar. Anna, mulher de Tom, mãe de Katie, aparentemente muito feliz com essa fase da vida, mas ao longo de sua narrativa, descobrimos que não é bem assim.

O livro possuí narração em primeira pessoa, separados entre passado e presente, a qual Megan fica com o passado, Anna e Rachel partilham do presente. A narrativa é super bem pensada, o fato de estarmos na mente das personagens e com cada capítulo vão sendo adicionadas peças do quebra-cabeça que é o desaparecimento de Megan Hipwell. O fato das personagens não estarem em seus estados mentais mais sãos, faz com que o leitor se provoque à fazer teorias e analisar as possibilidades (enchi o livro de post-its). É como se a autora estivesse me perguntando a cada capítulo finalizado "E aí, quem foi?". Essa leitura é bastante eletrizante (mesmo que as vezes não mantenha essa constância), intrigante, fluída, que te faz não querer largar o livro até você descobrir o que aconteceu com Megan/o que fizeram com ela. É possível descobrir o desfecho do caso Hipwell, antes dele acontecer, pistas são dadas à todo momento, é preciso ficar atento à ele. Achei o final surpreendente, mas, ao mesmo tempo, nem tanto, posso dizer que as últimas 100 páginas me deixaram bastante angustiado e temeroso. Com um momento bonito de sororidade entre personagens que você não esperava que em momento algum fosse acontecer, A Garota no Trem é um thriller de mão cheia, recomendadíssimo!

Agora, falando do filme... acho que o que mais funcionou para mim no livro, soou estranho no filme, o filme se tornou arrastado por vários momentos, mesmo com o mesmo enredo, o roteiro ficou ligeiramente fraco, MUITOS acontecimentos foram simplesmente retirados do filme, e é ainda temos quase 2 horas de filme, a fotografia também não me agradou. Entrou para a lista de adaptações que deram errado, com certeza.

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